sexta-feira, 2 de julho de 2010

Zezão

Eu tenho um Zezão. Quer dizer, um desenho em papel, meu tão conhecido papel dos mais de dez anos encardindo o dedo no pastel seco. Tenho saudade da textura do pó nos dedos. Então, de volta ao meu Zezão. Se me é permitido usar o termo, ‘o meu Zezão’ é um desenho em papel cor de saco de padaria com uma aplicação de um estêncil talvez, não sei dizer ao certo, num tom meio dourado, parecido com o fundo, mas brilhando um pouquinho. Uma casa, talvez em ruínas, talvez em construção. Talvez os dois, como São Paulo. Na parede dessa casa, há lindo um Zezão azul, rebuscado e retorcido, como os que se vê nos muros ou esgotos ou bueiros, sempre sujos daquela maldita fumaça preta que se precipita e escorre por cima como uma lama, como aquele Zezão que se vê do lado oposto do correio embaixo do viaduto que sai da Sumaré e cruza a Matarazzo. Aqui em casa, não é assim. Aqui, eu respiro a fumaça que entra pela janela e escorre pulmão adentro, mas aqui eu protejo o meu Zezão. Ele é meu e aqui sou eu que mando. Mas às vezes bate aquela dúvida: será que ele também tem saudade da textura do pó?

Obs1: Há uma exposição do Zezão na Galeria Choque Cultural, na faixa, até 07 de agosto.

Obs2: Como férias e computadores não combinam, esse blog ficará desatualizado nas próximas três semanas...)

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