sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A primeira vez que eu te vi...


Faz tempo, talvez tenha sido em outra vida, mas eu lembro bem. Perdida naquele fim de mundo da vila num dia vazio, talvez fim de semestre, conversava eu com duas das pessoas menos interessantes do planeta: professorão e professorinha. Professorão me dizia que só via filmes dublados por preguiça de ler as legendas. Professorinha me contava de sua mãe que vendia Avon. Eu já pensava em suicídio quando você chegou. Não me lembro de ter te visto antes, acho que essa foi mesmo a primeira vez. De preto, camiseta de caveira, cabelo grisalho quase raspado, pequena, séria e brava. Resmungando. Sentou na ponta daquela mesa ali na abominável praça de refeições e desabafou:
“Puta que o pariu! Quando eu escolhi essa profissão eu achava que iria conviver com pessoas bacanas, inteligentes, interessantes... agora estou aqui tendo que aguentar essa gente feia e tacanha!”
Eu estava salva! Alguém me entendia! Você, criatura, só você...


Feliz aniversário, querida!

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