Não é uma questão de fé, o problema é que o Catolicismo me assusta. Sentia-me uma formiga isolada ao olhar tanto sangue e martírio enquanto milhares de turistas horríveis riam alto e batiam fotos insensíveis. Minha insignificância acuada no mármore e tudo em volta ecoando tristeza e riqueza, riqueza e tristeza, tristeza e riqueza, num pêndulo da arte colossal que num relance podia me arremessar no escuro da culpa. Sempre pegajosa culpa. Navegar na superfície, como quem tirava fotos com celulares alienígenas, só seria possível se estivesse embebida na lama da ignorância. (Ali, mais que nunca, soava pegajosa aquela ignorância.) Entre a cruz e a Apple, um arrepio gelado escorregava pela minha nuca. Era preciso achar alguma coisa de humano por trás do imenso, era preciso sentir alguma coisa de amor embaixo do sangue, era preciso enxergar alguma coisa divina acima do passeio... Nada tão imenso é comprado com dinheiro. Era preciso curvar-se ao Poder que impulsiona a História. Não foi possível não sentir medo.
E como diria Napoleão Bonaparte: "Soldados, do alto dessas pirâmides, quarenta séculos de história nos contemplam." Amo.
ResponderExcluirNa minha pequenez, trocaria 'contemplam' por 'espreitam'...
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