Desde então, desde quando meus amores começaram a vazar do mundo concreto e se instalar no mundo da abstração, eu durmo invertida igual morcego. Átridas modernos. Todos. É como se aquele episódio definitivo, que antes era só palavra, tivesse virado elefante. Entra assim, em modo contínuo, como corda que escorrega pelas mãos. Elas sangram. Somos irrelevantes. Todos, claro. Mas agora mesmo eu estou só pensando em mim mesma, nessa coisa de amor que escorre e vaza. Meus queridos de antes, imensos como a lua, claros e escuros como a lua. Mas a lua sempre vem, sempre volta, e eles já foram, mas nunca foram. Nunca vão, mas não estão. A ausência é concreta, ocupa espaço, circula pela casa, te empurra da cama. Te lambe. Fica sempre por aí, no ar, no chão. A ausência nunca te esquece. Nunca me esquece.
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