Que horas serão, devo estar atrasada, oh Deus, quanta luz, o que era mesmo que eu sonhava, meu braço tá dormindo, a cachorra ronca, deve ser cedo, mas que dia é hoje, será que já está na hora, se eu ficar bem quieta ela não acorda, quarta ou quinta talvez, tinha alguma coisa a ver com o mar, vou virar devagar para olhar o relógio, ai minhas costas, não é possível, quanta luz, ah não, despertador dos infernos, não, cadê o botão, cala a boca, era um mar de ressaca, bocejo de bicho no corredor, quarta, acho que hoje é quarta, ouço as patinhas no chão de madeira, isso, fica quieto santinho, se não te jogo pela janela, e essa gente já tá buzinando, cadê meu chinelo, focinho na cara, já vou filha, hoje é quinta, quarta já foi, tenho que ir, já vou cachorra, dá um tempo, será que vai fazer calor, que será que eu visto, para onde eu tenho que ir hoje, tô indo, tô indo, tô levantando, sabe o que é, focinho gelado, é que eu queria navegar na minha cama só mais um pouquinho.
(Mais um texto resgatado do meu antigo blog antes do seu naufrágio definitivo, que será em breve.)