domingo, 25 de abril de 2010

A Máquina

Não acredite, o mundo não é seu, o mundo não é isso que você vê ou ouve ou cheira, o mundo é outra coisa. Há uma máquina entre você e o mundo. A Máquina projeta um mundo inventado na sua mente. É isso mesmo, acredite. A Máquina está aí e já estava aí muito antes de você. Os sensores ultra especializados dessa Máquina captam fragmentos de medidas, de valores, de dados, fragmentos de porcentagens e de conjuntos, e plotam e selecionam e transferem tudo para uma central que calcula, analisa e despreza o que não encaixa nas espectativas, e depois ainda reformula, recria e manipula tudo. A realidade moldada é virtualmente convincente. Na verdade, ela é tudo que se tem, tudo que se pode, tudo que se sente.

A Máquina nasceu antes do Bill Gates e é maior que eu, que você, que Kasparov ou Da Vinci. Ela é muito maior que esse reles computadorzinho aí na sua frente, esse mesmo que daqui a três anos você vai doar para uma escola pública. A Máquina está evoluindo a milhares e milhares de anos, mas ninguém tem acesso ao sistema operacional. Ela é indomável, incontrolável. Só de sacanagem ela não resiste, ela provoca, ela brinca, ela te dá um acessozinho, libera um programinha, empresta um joguinho, uma esmolinha de nada e faz você acreditar que tem algum controle. Ela, a Máquina, não presta.

A Máquina é o Cérebro.

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